"A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados.
"
(Mahatma Gandhi)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A HISTÓRIA DE BEBEL

Esta postagem conta uma história muito simples porém que monstra como pessoas comuns podem demonstrar verdadeiro amor pelos animais e mesmo não tendo muitos recursos à mão ou dinheiro, de alguma forma podem ajudar animais abandonados:

                                     Postagem retirada na íntegra do Blog Rapadura Açucarada

Adotamos uma Gata

A HISTÓRIA DE BEBEL, E COMO
SE TORNOU NOSSA HISTÓRIA



A história de Bebel começa há oito anos atrás, quando ela foi levada, ainda novinha, para a escola onde minha esposa trabalha como professora. Somo casados há um pouco mais que isso e eu nunca havia ouvido falar em Bebel alguma. Até este ano.

Quando adquirimos Lucy, nossa cachorrinha, foi a primeira vez que resolvemos ter um bichinho de estimação. Em boa parte por insistência da Lia, minha esposa. Como eu já disse aqui, quando contei a história de Lucy, quando minha patroa coloca alguma coisa na cabeça, não tira até realizar. Foi assim no caso de Lucy. De repente ela cismou que queria um cachorrinho. E não parou até conseguir. Quem lê o blog sabe que me afeiçoei a Lucy talvez até mais do que a própria Lia. Não que eu não gostasse antes, apenas achava que, morando em apartamento, seria complicado ter um bichinho assim. Mas, tudo deu certo e todos ficamos felizes e assunto encerrado. Ou, ao menos, era o que eu pensava.

Já temos Lucy a dois anos, que é sua idade, e nos adaptamos a ela. Ela nos dá alegria e parece ser muito feliz conosco. Tudo estava bem tranquilo, até o momento em que ouvi pela primeira vez a frase:

- Bebel não pode me ver que vem correndo para mim.

- Hã?! Bebel? É alguma aluna? - perguntei eu.

- Não, uma gata que mora na escola.

- Mas você nem gosta de gatos, Lia!

- Mas é a Bebel!!!

Era o começo. Era onde a história de Bebel começou a ser a nossa, também. Eu já conhecia aquele jeito da Lia. Se durante oito anos eu nunca tinha ouvido falar em Bebel, nos meses seguintes isso seria sanado. Eu ouvia falar de Bebel todo santo dia. E, a cada dia, o assunto ia na direção em que eu mais temia: que devíamos trazer Bebel para morar conosco.

Novamente eu fui contra, já que havia Lucy e fazer com que as duas convivessem juntas seria difícil. Além disso, a tia da Lia, que mora com a gente, também era do contra (como também foi contra termos um cachorro e adora Lucy, hoje em dia). Tudo isso fez com que a coisa toda fosse adiada por meses. Lia parecia aceitar que o lugar de Bebel era mesmo na escola, onde fora criada. Mas, é como eu digo, só termina, quando Lia diz que acabou.

A escola mudou de direção. A pessoa que levou Bebel para a escola foi transferida e quem podia assumir a responsabilidade, era alérgica a gatos. Ainda assim, Bebel não perturbava ninguém, ficando em seu cantinho, e andando pela escola apenas durante a noite. Mas, sem a proteção de quem cuidava dela, Bebel viu seu lar ameaçado. Em uma das reuniões de professores, entre um assunto e outro, deliberaram que precisavam se livrar da gata, fosse como fosse. Não havia mais como ela continuar lá, como se Bebel fosse um animal intratável, coisa que, ao conhecê-la, vi que nao era.

Lia chegou triste em casa, abalada até , com a decisão e com o fato de que não podia fazer nada. Por mim era só trazer, e dávamos um jeito com Lucy. Mas, sua tia ainda não queria, com medo de que o apartamento ficasse apertado demais para todos. Além, claro, com medo por Lucy, também.

No dia seguinte, Lia foi para a escola, e tentava encontrar alguém que ficasse com a gata, antes que a levassem embora, sabe-se lá para onde. De vez em quando ela ligava para mim, um pouco desesperada. Entre uma ligação e outra, eu notei que a tia também sentiu que a coisa estava ruim mesmo para a gatinha e disse "ah, se a Lia quiser trazer, ela que sabe". Eu aproveitei essa chance.

Estava na hora do intervalo na escola e eu sai a todo vapor, indo para lá. Traria Bebel para morar conosco. Quando cheguei lá, procurei Lia, que se espantou com minha chegada, e eu disse que a levaria. Ela foi dizendo que alguém já se dispunha e eu disse que esquecesse isso, ela era nossa. Já era quase da família, depois de tantos meses ouvindo Lia falar dela.

Encontrei a felina na sala dos professores, em uma estante. Dócil que só ela. Deixou que eu a pegasse no colo. Achei que seria fácil levá-la nos braços. Mas, ao chegar ao portão, ela entendeu que deixaria seu lar e fez de tudo para que eu a largasse, me arranhando, mas sem grandes danos. Segurei-a e voltei com ela para a sala dos professores. Precisava de uma caixa. Por incrível que pareça, não havia caixas vazias na escola. Depois de muito procurar , Lia me deu uma, que estava em mal estado, mas teria de ser ela mesma.

Coloquei Bebel nela e a caixa dentro de um saco plástico, pois o fundo estava aberto. Não fechei o saco. Segurei a tampa, sem fechar completamente. O caminho era curto, só que nunca o havia feito carregando uma gata que não queria ir embora. Demorei uma aternidade para chegar em casa. Bebel miava, mas sem escândalo. Apenas triste. Creio que os transeuntes deviam pensar que eu estava indo me livrar dela.

Ao chegar em casa a alojei no quarto do computador, onde fico. Arranjei um berço (de boneca) pra ela, até comprar uma casinha e a apresentei à Lucy que estranhou muito de início. Ainda estranha. Mas está se acostumando aos poucos. Cada uma tem seu território, por enquanto. Lucy fica entre o ciúme (principalmente se a pegamos no colo), a curiosidade e a vontade de brincar com ela. Só que ao tentar a assusta. Mas logo as duas estarão bem entrosadas.

Isso já faz uma semana. A tia da Lia, novamente, parece aquelas avós corujas, exatamente como é com Lucy. Outra coisa que me deixou feliz, foi o fato de que Bebel tenha sido adotada por nós, e não comprada. Desde que me apeguei a Lucy, comecei a sentir o drama dos animais abandonados e me sentia culpado por não "fazer a minha parte". Tendo adotado Bebel, isso diminui um pouco.

Bebel agora tem uma casa. Na verdade, várias. Pois mora aqui e em nossos corações.

Lucy curiosa, mas Bebel ainda está protegida
por duas torres de gibis

2 comentários:

  1. Oh, uma honra ter uma postagem minha no blog de alguém engajada em algo tão bonito quanto a proteção dos animais! Obrigado.

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    1. O mesmo eu digo à vc meu caro amigo, ainda mais quando o objetivo não é o enaltecimento de nós mesmos, mas sim a preservação dessas criaturas que precisam de nós, mas que na maioria das vezes são maltratadas por nossa espécie.

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